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    A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, vai discutir com 
    os cartórios extrajudiciais a criação de um mecanismo que permita o 
    encaminhamento de informações sobre operações suspeitas, registradas nos 
    cartórios. O controle das informações cartorárias é uma das metas aprovadas 
    na última semana pela Estratégia Nacional de Combate ao Crime Organizado e à 
    Lavagem de Dinheiro (Enccla), em reunião realizada em Bento Gonçalves (RS) 
    na semana passada. 
     
    “Acho fundamental essa investigação, esse controle dos negócios que passam 
    pelos cartórios extrajudiciais”, disse a ministra na sexta-feira (25/11). 
    “Naturalmente, com a parceria dos cartórios teremos mais informação sobre o 
    que se passa”, acrescentou. A corregedora ressalvou, no entanto, que será 
    muito difícil implantar a medida em todos os cartórios em apenas um ano. A 
    meta da Enccla é para 2012.  
     
    A principal dificuldade, para ela, é a falta de informatização dos 
    cartórios. Os que já estão informatizados podem fornecer as informações sem 
    grandes dificuldades. Já os cartórios não informatizados teriam que 
    encaminhar dados em papel. Mesmo assim, ela afirmou que “a corregedoria fará 
    todo esforço para seguir essa meta prioritária da Enccla”.  
     
    O objetivo da medida é que os órgãos integrantes da Enccla possam investigar 
    operações suspeitas a partir dos registros dos cartórios. Segundo a 
    ministra, compra de imóveis por estrangeiros acima do limite legal e uso de 
    “laranjas” em transações comerciais são exemplos de crimes que podem ser 
    identificados a partir das informações dos cartórios.  
     
    Ideologia – Em conversa com a imprensa, a ministra Eliana Calmon afirmou que 
    a discussão sobre o poder da Corregedoria Nacional de Justiça está 
    contaminada por ideologias. “O corporativismo é uma visão ideológica. 
    Ideologicamente você parte para defender o Poder Judiciário e não vê nada 
    que está ao seu redor, porque acha que para defender o Judiciário tem que 
    manter os magistrados imunes às críticas da sociedade. Isso é um viés 
    ideológico.” 
     
    Essa visão, segundo ela, é prejudicial à instituição: “Toda ideologia é 
    perigosíssima. Quando ela se instala no seio das instituições, ela se torna 
    deletéria”. Para ela, a ideologia causa cegueira: “As pessoas podem pensar 
    que os magistrados que defendem o corporativismo devem ser corruptos. Não, 
    não são. O problema é que não enxergam”.  
     
    Gilson Luiz Euzébio 
    Agência CNJ de Notícias 
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