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    Os cartórios brasileiros devem aumentar a clareza nas informações contidas 
    nos documentos emitidos aos cidadãos, tornando-os mais compreensíveis e 
    seguros. E cada um dos documentos de guarda permanente serão microfilmados 
    para garantir a perenidade desses papéis no futuro. Em relação à 
    virtualização dos documentos, os registros estarão disponíveis em formatos 
    digitais padronizados e certificados, igualmente, em formato digital. Essas 
    são algumas das modificações que serão propostas até o final do ano a todos 
    os cartórios brasileiros pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ); o órgão 
    vem trabalhando na elaboração de normas-padrão para os serviços cartoriais 
    do país há um ano. Na semana passada, os dois juízes membros da Comissão 
    Especial para Gestão Documental do Extrajudicial do CNJ, Marcelo Martins 
    Berthe e Antônio Carlos Alves Braga Júnior, estiveram em Londres visitando a 
    central administrativa de registro de imóveis inglês (Land Registry) a fim 
    de avaliar a prestação desses serviços naquele país e voltaram empolgados. 
    Segundo os juízes do CNJ, o sistema inglês é de muita utilidade ao cidadão, 
    aliando uma forma desburocratizada e prática de lidar com os documentos.  
     
    “Eles prestam um serviço a mais ao usuário. No serviço inglês, a tecnologia 
    integra as informações em bases gráficas como croquis, plantas ou aerofotos 
    do imóvel, do loteamento, da circunscrição imobiliária, da cidade, do 
    Estado. Vimos gráficos serem sobrepostos na tela do computador para melhor 
    compreensão da localização e situação física do lote, terrenos, em 
    diferentes datas. Eles possuem um sistema que permite o acompanhamento da 
    transformação das vias públicas, loteamentos, bairros e cidades. Ao olhar 
    para o registro de imóveis, o cidadão já sabe exatamente qual é a situação 
    em que aquele bem se encontra”, disse o juiz Antônio Carlos Braga Júnior, 
    que defende o aperfeiçoamento das informações como forma de reduzir a 
    quantidade de conflitos e de ações ilegais geradas por documentos 
    irregulares.  
     
    "O registro de imóveis no Brasil acolhe e preserva uma infinidade de 
    informações que vão desde a história da transferência de direitos sobre bem 
    (vendas, partilhas, hipotecas, doações etc), os titulares desses direitos, a 
    localização e a descrição desses bens, além de informações cadastrais de 
    municípios, estados, União, etc. Essa tecnologia pode permitir a 
    interligação de todos esses dados em um único sistema digital, substituindo 
    essa pulverização de informação distribuídas em livros, pastas, fichários. 
    Quanto mais eficiência e celeridade tiver o serviço, mais compreensível e 
    segura a informação será para o usuário comum", explica o juiz.  
     
    A expectativa é de que as novas regras entrem em funcionamento no prazo de 
    um ano após a publicação das normas pelo CNJ; que devem estar prontas para 
    publicação até o final do ano. “O cenário que estamos enfrentando é muito 
    amplo, uma tarefa gigante. Estamos lidando com muitos cenários: quais os 
    tipos de arquivos que poderão ser trabalhados nos cartórios, como e quais 
    tecnologias usar conjugando validade jurídica com menos burocracia. Um 
    desafio que produzirá efeitos pelas próximas décadas”, diz o presidente da 
    Comissão, Marcelo Martins Berthe.  
     
    A padronização dos serviços vem sendo estudada há 10 meses, quando a 
    Comissão Especial foi criada, em 2010, mas ainda não têm prazo para ocorrer. 
    Inicialmente, a Comissão Especial foi criada para propor ações de 
    modernização, organização e gestão dos documentos cartoriais na Amazônia 
    Legal; atualmente, no entanto, a proposta é de que as regras venham a servir 
    a todos os cartórios brasileiros.  
     
    Integram a Comissão Especial o juiz auxiliar da presidência do CNJ e 
    presidente do Comitê Executivo do Fórum de Assuntos Fundiários Marcelo 
    Martins Berthe; o juiz auxiliar da presidência do CNJ Antonio Carlos Alves 
    Braga Junior; o 1º Oficial de Registro de Imóveis da Capital do Estado de 
    São Paulo e Presidente da Associação dos Registradores Imobiliários de São 
    Paulo, Flauzilino Araújo dos Santos; o 5º Oficial de Registro de Imóveis da 
    Capital do Estado de São Paulo, Sergio Jacomino; o coordenador de 
    Preservação da Fundação Biblioteca Nacional, Jayme Spinelli Júnior; a 
    gerente do Sistema de Informações do Arquivo Nacional, Silvia Ninita de 
    Moura Estevão; o especialista em preservação digital Carlos Augusto Silva 
    Ditadi e a especialista em conservação preventiva Emiliana Brandão, ambos do 
    Arquivo Nacional. 
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