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    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, criticou nesta 
    segunda-feira (20/6) a decisão do juiz Jerônymo Pedro Villas Boas que anulou 
    uma união estável de um casal homossexual de Goiânia. Segundo ele, a 
    sentença é um “atentado” ao STF e passível de cassação. 
     
    “Se ele (o juiz) foi contra ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, eu 
    entendo isso como um atentado à decisão do Supremo, que é passível de 
    cassação”, afirmou Fux, antes de participar de um debate sobre a reforma do 
    Código de Processo Civil, em São Paulo. 
     
    Em maio, o STF equiparou os direitos de casais de pessoas do mesmo sexo ao 
    de casais de heterossexuais. Com isso, casais gays passaram a poder firmar 
    contratos de união estável em cartórios de todo país. 
     
    Para o juiz Villas Boas, da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de 
    Registros Públicos de Goiânia, a decisão do STF vai contra a Constituição. 
    Por isso, ele determinou a anulação de um contrato de união estável entre 
    dois homens, registrado na capital de Goiás e ainda determinou que todos os 
    cartórios da cidade não registrem mais documentos desse tipo. 
     
    A sentença de Villas Boas foi divulgada na última sexta-feira (17/6). A 
    decisão é de primeira instância, portanto, passível de recurso. 
     
    Fux disse que, certamente, uma reclamação a respeito da decisão do juiz 
    chegará ao STF. O Supremo, então, deve reverter a sentença e manter os 
    direitos dos homossexuais. O ministro do STF disse ainda que a reclamação 
    contra a decisão do juiz ficará registrada no seu histórico funcional. Será 
    também encaminhada aos órgãos disciplinares do Judiciário. 
     
    “As reclamações sempre trazem um resíduo funcional”, afirmou ele. “Sempre se 
    encaminha aos órgãos disciplinares para que a autonomia (de um juiz) não 
    prejudique o povo.” 
     
    O ministro Gilmar Mendes, ex-presidente do STF, confirmou que a decisão do 
    juiz de Goiânia deve ser anulada. Disse também que não acredita que a 
    decisão do STF seja revertida. “Acredito que não há nenhuma justificativa 
    para temor”, disse ele, que também participou do debate em São Paulo. 
     
    Mendes não descartou, porém, a possibilidade de outros juízes do país 
    questionarem a decisão do STF sobre os direitos de casais gays, mesmo sendo 
    o Supremo a instância máxima da Justiça. “Sempre deverá surgir uma 
    peculiaridade", disse. 
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