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    Travestis e transexuais de Minas Gerais vão poder usar o nome social no 
    âmbito da administração pública direta e indireta. O anúncio foi feito pelo 
    secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Wander Borges, durante a 
    abertura da II Conferência Estadual de Políticas Públicas e Direitos Humanos 
    LGBT, realizada nesse fim de semana, no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte. 
    O decreto 8496, que estabelece a adoção do nome social, foi publicado na 
    edição de sábado (15) do MINAS GERAIS. O documento foi assinado pelo 
    secretário Wander Borges e pela secretária de Estado de Planejamento e 
    Gestão, Renata Vilhena. 
     
    A iniciativa vai possibilitar, por exemplo, a travestis e transexuais serem 
    chamados e identificados pelo nome que se reconhecem e são reconhecidos na 
    sociedade, conforme ocorre com pessoas que são chamadas pelo apelido, como 
    Xuxa e Pelé. 
     
    Para a coordenadora Especial de Políticas de Diversidade Sexual, Walkiria La 
    Roche, a medida vai contribuir para diminuir o preconceito e acabar com o 
    constrangimento que travestis e transexuais sofrem, por exemplo, quando vão 
    a uma delegacia. “A partir do momento que você apresenta um documento que 
    não condiz com o seu estereótipo e com a sua aparência, a pessoa que está 
    atendendo, por muitas vezes, acha engraçado, 
    debocha, e isso fecha uma porta. A pessoa atendida não se sente bem naquele 
    estabelecimento e acaba não buscando o serviço, pois se sente constrangida. 
    Então, como forma de coibir qualquer tipo de constrangimento e de 
    preconceito, foi adotado o nome social por meio de resolução”, explicou. 
     
    CONFERÊNCIA - A II Conferência Estadual de Políticas Públicas e Direitos 
    Humanos LGBT reuniu mais de 400 pessoas de várias cidades mineiras e 
    promoveu um debate intenso durante dois dias. Mais de 80 propostas (50 em 
    âmbito estadual e 30 nacional) foram aprovadas e serão apresentadas no 
    encontro nacional, a ser realizado em Brasília. 
     
    O secretário Wander Borges lembrou, durante a abertura do evento, que o 
    processo para a garantia plena dos direitos LGBT é longo e precisa ser 
    construído com esforço conjunto entre governos, sociedades civil e o 
    movimento. Ele citou os avanços nas políticas LGBT em Minas, como a criação, 
    neste ano, da Coordenadoria Especial de Políticas de Diversidade Sexual, mas 
    reconheceu que a caminhada ainda está longe do fim. 
     
    O fim do preconceito e da violência contra a população LGBT é um dos 
    principais anseios 
    do segmento. Carlinhos Lopes, presidente do Movimento Gay e Simpatizantes do 
    Vale do Aço (MGS), participou da conferência estadual e também destacou a 
    necessidade de um trabalho conjunto para colocar um ponto final na 
    violência. 
     
    A conferência mineira teve com tema central “Por Um Estado Livre da Pobreza 
    e da Discriminação: Promovendo a Cidadania LGBT”. A primeira conferência em 
    Minas foi realizada em abril de 2008. 
     
    Secretário executivo do Conselho Nacional LGBT, Igo Martini também 
    prestigiou o encontro mineiro. Ele destacou as políticas públicas adotadas 
    pelo Estado, especialmente na área da segurança pública. 
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