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    Um grupo de 27 candidatos do concurso de cartórios do Tribunal de Justiça de 
    Minas Gerais apresentou denúncia formal ao Conselho Nacional de Justiça na 
    última quarta-feira, por supostas irregularidades na correção da prova 
    discursiva realizada em agosto.  
     
    Os candidatos alegam que a correção foi feita às pressas, numa tentativa do 
    Tribunal de Justiça de reverter a imagem gerada pelo atraso do concurso de 
    2007, que até hoje não chegou ao final. O Presidente da Comissão do 
    Concurso, Desembargador Wagner Wilson Ferreira, prometeu terminar este novo 
    certame de 2011 em um prazo total de um ano após a publicação do edital, que 
    se deu em março deste ano. A pressa teria gerado uma correção mal feita e 
    inúmeras distorções nas notas.  
     
    Os candidatos apresentaram ao CNJ um extenso relatório narrando as diversas 
    irregularidades, constatadas principalmente pela comparação de respostas e 
    respectivas notas concedidas pelos examinadores. Esse mesmo procedimento de 
    comparação de respostas e notas de vários candidatos foi utilizado no 
    processo do CNJ que acabou anulando em 2010 o concurso de cartórios do Rio 
    de Janeiro.  
     
    Um dos problemas encontrados na correção da prova de Minas foi uma grande 
    quantidade de notas rasuradas, sem qualquer ressalva por parte do 
    examinador. Não há como saber quem escreveu o número que está mais aparente, 
    considerando que um valor foi escrito sobre o outro, alterando a nota 
    anteriormente atribuída pelo examinador. Algumas notas foram aumentadas, 
    outras reduzidas. Há também notas desacompanhadas de qualquer assinatura do 
    examinador.  
     
    Outro caso que chama a atenção é de um candidato que escreveu seu próprio 
    nome duas vezes na resposta da principal questão da prova, que apresenta 
    evidentes erros, mas tirou nota máxima. Em concursos públicos é proibido se 
    identificar nas respostas. A situação é similar à quebra de sigilo nas 
    propostas de licitações. 
    O 
    relatório apresenta ainda situações que demonstram falta de critérios para a 
    correção das questões. Determinados erros foram apontados nas provas de 
    alguns candidatos mas não de outros. Há casos também de candidatos que 
    tiraram nota máxima com respostas cheias de erros. Outros que tiraram notas 
    baixas e cujas respostas não trazem qualquer indicação de erro por parte do 
    examinador.  
     
    A pressa na condução dos trabalhos pode ser constatada pela freqüência com 
    que pequenos erros vêm acontecendo neste concurso. A comissão eliminou 314 
    candidatos por falta de documentação. Mas a maioria dos eliminados foi até a 
    entidade organizadora, pediu para ver a pasta individual e encontrou todos 
    os documentos que a comissão do concurso alegou que estavam faltando. Houve 
    casos de candidatos que vieram de outros estados para Belo Horizonte apenas 
    para mostrar, in loco, o documento na pasta guardada pelo órgão.  
     
    Houve erros também na totalização de notas de alguns candidatos, que tiveram 
    seus pontos corrigidos posteriormente. A comissão do concurso também trocou 
    um candidato por outro na hora de atribuir as notas da prova escrita. Acabou 
    eliminando um e aprovando o outro incorretamente, o que também só foi 
    corrigido depois. Outro candidato teve a nota retificada administrativamente 
    sem qualquer motivo. A nota foi simplesmente aumentada sem que se possa 
    saber o porquê.  
     
    A prova oral do concurso foi marcada para janeiro. A lista dos aprovados 
    poderá sofrer alterações com a possível anulação da prova escrita. O 
    requerimento apresentado pelos candidatos pode ser visto no endereço: 
    
    
    
    https://docs.google.com/open?id=0B9MbZVFSw0m7YjExNjk0ZDUtNzE1Yy00NDU4LWI0ZGUtZDk1Nzk3YjBiZWRi
     
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