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    Brasília – O avanço dos direitos dos homossexuais será colocado à prova hoje 
    (4) à tarde no Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros avaliarão, pela 
    primeira vez, se a união homoafetiva pode ser enquadrada no regime jurídico 
    de união estável. O Tribunal também analisará se a união de pessoas do mesmo 
    sexo pode ser considerada como entidade familiar. Caso a resposta a essas 
    perguntas seja afirmativa, casais homossexuais de todo o país terão dezenas 
    de direitos assegurados, entre eles à herança e à adoção. 
     
    Duas ações estão em pauta. A primeira, ajuizada em fevereiro de 2008, é do 
    governador reeleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Ele pede que o Código 
    Civil e que o Estatuto dos Servidores Civis do estado não façam qualquer 
    discriminação entre casais heterossexuais e homossexuais no que diz respeito 
    ao reconhecimento legal da união estável. A ação afirma que posicionamentos 
    discriminatórios vão de encontro a princípios constitucionais como o direito 
    à igualdade e à liberdade e o princípio da dignidade da pessoa humana. 
     
    A ação também alega que a situação atual, com sentenças conflitantes no 
    estado e em todo o país, contraria o princípio constitucional da segurança 
    jurídica. O governador afirma ter interesse na ação porque no estado existe 
    grande número de servidores que são parte em uniões homoafetivas estáveis. 
     
    “Diante disso, colocam-se para o governador e para a administração pública 
    questões relevantes relativas às normas sobre licenças por motivo de doença 
    de pessoa da família ou para acompanhamento de cônjuge, bem como sobre 
    Previdência e assistência social”, diz a ação. O governador também afirma 
    que como há numerosos casais homossexuais no Rio, se vê na obrigação de 
    pleitear o direito de parcela dos cidadãos do estado. 
     
    A outra ação em análise, da Procuradoria-Geral da República, foi ajuizada em 
    julho de 2009. O pedido é semelhante: que o STF declare obrigatório o 
    reconhecimento, no Brasil, da união de pessoas do mesmo sexo como entidade 
    familiar. Também pede que os mesmos direitos dos casais heterossexuais sejam 
    estendidos aos casais homossexuais. 
     
    O processo, de 322 páginas, tramitava sob responsabilidade da ministra Ellen 
    Gracie até março deste ano, quando foi redistribuída para Ayres Britto por 
    tratar de tema semelhante ao que já estava sendo analisado pelo ministro. 
    Além da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Ela de Castilho, o 
    documento também é assinado por diversas instituições que militam em favor 
    dos direitos dos homossexuais. 
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